| Acho tão natural que não se pense Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
 Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
 Que tem que ver com haver  gente que pensa..
 
 Que pensará o meu muro da minha sombra?
 Pergunto-me às vezes isto até dar  por mim
 A perguntar-me cousas.
 E então desagrado-me, e incomodo-me
 Como se desse por mim com um pé dormente.
 
 Que pensará isto de aquilo?
 Nada pensa nada
 Terá a terra consciência  das pedras e plantas que tem?
 Se ela a tiver, que tenha...
 Que me  importa isso a mim?
 Se eu pensasse nessas cousas,
 Deixava de ver as  árvores e as plantas
 E deixava de ver a Terra,
 Para ver só os meus  pensamentos...
 Entristecia e ficava às escuras.
 E assim, sem pensar,  tenho a Terra e o Céu.
 
 
 In O Guardador de Rebanhos In Poesia , Assírio &  Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001
 | 
Sem comentários:
Enviar um comentário