Um outro olhar sobre o mundo

Um outro olhar sobre o mundo

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Para iniciar o tema "Argumentação e Retórica"

12 Angry Men (12 Homens em Fúria) de Sidney Lumet - EUA, 1957
Argumento: Reginald Rose
Intérpretes: Henry Fonda, Lee J. Cobb, E.G. Marshall, Jack Warden, Ed Begley, Jack Klugman


A Lição de 12 Homens em Fúria
por Ferreira Fernandes
O filme antigo 12 Homens em Fúria podia ter por título "Lá dentro Escaldava", por toda a acção se passar dentro de uma sala de jurados, mas seria errado. O autor quis dizer, mesmo, que aquilo era sobre 12 jurados, um a um, cada um com a sua consciência. Foi o primeiro filme de Sidney Lumet, é de 1957, e trago-o para aqui em agradecimento ao grande realizador moralista que morreu ontem. 12 Homens em Fúria deveria ser ensinado nas escolas como aula de moral. A história: um rapaz pobre é julgado pela morte do pai e o júri reúne-se para decidir a pena capital ou não. À primeira votação todos votam "culpado" com excepção do jurado n.º 8 (Henry Fonda). Este está convencido de uma coisa: tem dúvidas. E essas dúvidas, perante a enormidade que estava em jogo (a vida ou morte do rapaz), obrigam-no a ser tenaz. Ele pergunta, insiste, argumenta, até fazer com que os seus companheiros de decisão também sejam interpelados pela consciência. Todo o filme viver dentro de uma sala coloca o espectador perante si próprio - essa a genialidade artística de Lumet. Mas o filme vale sobretudo por nos ensinar o mundo, a olhá-lo e decidir. No fim, todos os jurados votam "inocente". E, não, não é um filme contra a pena de morte, é contra a imprudência (indecência, até) de não termos dúvidas. Esse o método que deve ser ensinado na escola. Porque depois, quando somos cronistas, bloguistas e comentadores televisivos, já é tarde.

2 em 1 - Colheita de Sangue + Vampiros (a propósito de Bram Stoker)


O Paradoxo do Barbeiro

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Da necessidade do desassossego...

90 anos de José Saramago

"As misérias do mundo existem, e só há dois modos de reagir perante elas: ou uma pessoa acha que não tem culpa e, portanto, encolhe os ombros e diz que não está nas suas mãos remediar nada - e isto é verdade -, ou então assumir que, mesmo quando não está nas nossas mãos resolver, temos de nos comportar como se assim fosse" (pp 369-370)

"A pergunta que todos devíamos colocar-nos é: O que é que eu fiz se nada mudou? Deveríamos viver mais no desassossego. O amanhã não acontecerá se não mudarmos hoje." (p.371)


"É a hora de uivar, porque se nos deixarmos levar pelos poderes que nos governam, e não fazermos nada para contrariar isso, pode dizer-se que merecemos o que temos" (p.375)

"Temos de começar a uivar, comecemos a uivar."(p.373)

 (citações tiradas do livro:José Saramago nas Suas Palavras (edição e selecção de Fernando Gómez Aguilera,  Lisboa, Caminho,  Outubro de 2010 - selecção de citações por de Maria Cardoso)