Um outro olhar sobre o mundo

Um outro olhar sobre o mundo

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Hoje já clicou com o seu vizinho? (por Ferreira Fernandes)


Na última 'Sábado', o jornalista Luís Silvestre conversa com a cientista britânica Susan Greenfield, especialista dessa transformação tremenda que está a acontecer no nosso cérebro com os computadores e outros saberes de ponta dos dedos. Já uma vez, na pré-história, os dedos - o facto de o polegar ser oponível aos outros - nos aumentaram o cérebro. Pois há dias vi um movimento em sentido contrário. Um desenho, naturalmente feito por computadores, do homem do futuro: vamos ser mais feios, cabecinha mais de ervilha, porque não precisamos de tanto espaço para a memória. Como eu percebo essa previsão. No liceu eu era campeão das capitais, até sabia de nomes hoje desaparecidos de cidades, como Santa Maria Bathurst (fui ver: hoje, Banjul, capital da Gâmbia), mas custava-me horas a decorar. Agora, com dois dedilhares, sei quantas pizarias há em Mendoza, Argentina, e em que rua ficam. E logo esqueço, estreitando, se não a minha cabeça, a dos meus descendentes. Voltando à entrevista da cientista, encontro um alerta para uma perda, não essa hipotética do tamanho da cabeça, mas não menos preocupante: a da empatia. Susan Greenfield diz: "As relações entre as pessoas precisam de muito treino, cara a cara, e há uma nova geração que só comunica por computador." Tele, isto, tele, aquilo, vamos cada vez mais longe, quando o que mais falta nos faz é falar com o vizinho. Foi bom ouvir uma cientista falar da necessidade do "cara a cara".

(por Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 29/10/12)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Historiador de Elizabeth Kostova



Drácula parou diante de uma grande estante e pousou a mão sobre ela de modo afectuoso.
- Esta tem um especial interesse para mim, e terá para si também, penso. Estas obras são biografias minhas.
Cada um dos livros estava de alguma forma relacionado com a sua vida. Havia obras de historiadores bizantinos e otomanos - algumas delas originais muito raros - e as suas muitas reimpressões através dos tempos. Havia opúsculos medievais da Alemanha, Rússia, Hungria e Constantinopla, todos documentando os seus crimes. Muitos deles nunca os tinha visto nem os vira referidos no decorrer da minha pesquisa, e senti uma onda irracional de curiosidade antes de me lembrar que já não tinha motivo, nesta altura, para completar a pesquisa. Havia também numerosos volumes sobre folclore, a partir do século dezassete, que se referiam à lenda dos vampiros - achei estranho e terrível que os incluísse tão abertamente entre as suas próprias biografias. Apoiou a mão larga numa das primeiras edições do romance de Bram Stoker e sorriu, mas nada disse. Depois passou em silêncio para outra secção.
- Isto é de especial interesse para si também - disse. - São obras de História sobre o seu século, o século vinte. Um óptimo século, aguardo ansioso pelo seu final. Na minha época, um príncipe só conseguia eliminar os elementos indesejáveis um de cada vez. Vocês fazem isso com um alcance infinitamente maior. Pense, por exemplo, no aperfeiçoamento que houve desde o maldito canhão que derrubou as muralhas de Constantinopla até ao fogo divino que o seu país de adopção lançou contra as cidades japonesas há alguns anos. - E esboçou uma vénia, cortês, congratulatório.

Elizabeth Kostova, O Historiador, Editora Gótica, 2008
(também numa colecção da Biblioteca Sábado)
imagem

sábado, 20 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

Pensar de pernas para o ar

Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada diferente Que bom é pensar em outras coisas
e olhar para as coisas noutra posição
as coisas sérias que cómicas que são
com o céu para baixo e para cima o chão

(de O Inventão, Afrontamento, 1987)
(imagem daqui)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Noções de lógica - 11º ano

UNIDADE I - Capítulo I Noçôes de Lógica Formal - a lógica aristotélica

Morreu Emmanuelle


Sylvia Kristel, a actriz holandesa que, aos 22 anos, se tornou um ícone da libertação sexual dos anos de 1970 com um clássico do cinema erótico, “Emmanuelle”, morreu nesta quinta-feira. Tinha 60 anos.


Desaparecida dos ecrãs, Sylvia Kristel é para sempre lembrada como Emmanuelle, protagonista do filme com o mesmo nome, sobre uma jovem decidida a desafiar os limites da sua sexualidade. Adaptado do romance homónimo de Marayat Bibidh Andriane, o filme, realizado pelo francês Just Jaeckin, chegou aos cinemas numa época em que a nudez era ainda censurada. 

O filme, que rompeu muitos tabus ligados ao sexo, é ainda hoje um dos grandes clássicos do cinema erótico, tendo arrecadado em todo o mundo mais de 100 milhões de dólares. 

(daqui)