“Pensar é dizer não. Notai que o sinal do sim é próprio do homem que se deixa a adormecer; ao contrário, o homem desperto agita a cabeça e diz não. Não a quê? Ao mundo? Ao tirano? Ao pregador? Isto não é senão aparência. Em todo o caso, é a si próprio que o pensamento diz não. (...) O que faz com que o mundo me engane com as suas perspectivas, com os seus nevoeiros, com os seus choques desviadores é que eu consinto, é que eu não procuro outra coisa. E o que faz com que o tirano seja meu mestre é o facto de eu o respeitar em vez de o examinar. (...) É por acreditarem que os homens são escravos. Reflectir é negar o que se crê.
Quem acredita nem sequer sabe aquilo que crê. Quem se satisfaz com o seu pensamento não pensa em mais nada. (...) Que é que eu vejo quando abro os olhos? (...) É ao interrogar as coisas que eu as vejo. (...) Notai que à primeira apresentação tudo surge como verdadeiro.”
Alain, Libres propos, in AAVV Um outro Olhar sobre o Mundo, Ed. ASA, pag.118
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