Um outro olhar sobre o mundo
sábado, 31 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Stan Lee faz 89 anos
Stan Lee, o autor que revolucionou as histórias de super-heróis, faz hoje 89 anos. Entre muitos outros, é criador do Homem-Aranha, Quatro Fantásticos, X-Men, Hulk, Homem de Ferro, Demolidor, Thor ou Doutor Estranho.
sábado, 24 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
O Grande Ditador de Charlie Chaplin (discurso final)
ISTO TAMBÉM PODE SER UMA MENSAGEM DE NATAL
O GRANDE DITADOR é uma das obras mais marcantes da carreira de Chaplin. É também uma delirante, comovente e corajosa sátira a Hitler, ao seu regime tirânico e às suas sinistras ideias políticas. Este é o célebre discurso contra a opressão e a ditadura que encerra o filme e entusiasmou o Mundo.
O GRANDE DITADOR é uma das obras mais marcantes da carreira de Chaplin. É também uma delirante, comovente e corajosa sátira a Hitler, ao seu regime tirânico e às suas sinistras ideias políticas. Este é o célebre discurso contra a opressão e a ditadura que encerra o filme e entusiasmou o Mundo.
Sinopse: Em Novembro de 1918, no meio de um exército derrotado, um soldado, que em tempo de paz era proprietário de uma barbearia, perde a memória e vai parar a um asilo. Entretanto, o Mundo evolui de convulsão em convulsão até que surge um "providencial" ditador, Adenoid Hynkel, que podia ser irmão gémeo do barbeiro. Este sai do asilo e regressa à sua barbearia, envolvendo-se, desde logo, num confronto com os arruaceiros de Hynkel. O ditador prepara a invasão de Osterlich, um país vizinho, e tenta arranjar um empréstimo junto de banqueiros judeus. Perante a recusa destes Hynkel reprime violentamente a comunidade judaica e o barbeiro vai parar a um campo de concentração. Hynkel invade Osterlich, depois de resolver as divergências com outro ditador interessado na mesma invasão, enquanto o barbeiro foge do campo de concentração. Devido às suas semelhanças com o ditador o barbeiro acaba por ser tomado por Hynkel e faz um discurso memorável denunciando a tirania.
O filme foi realizado em segredo, Chaplin resistiu a todas as pressões e ameaças e levou a sua avante. Em Outubro de 1940, pouco mais de um ano após a invasão da Polónia e o início da 2ª Guerra Mundial, estreia nos EUA.
Produção: Charlie Chaplin
Realização: Charlie Chaplin
Tit. Original: «THE GREAT DICTATOR»
Origem: E.U.A. - 1940
Com: Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie, Billy Gilbert, Henry Daniell, Reginald Gardner, Grace Hayle, Maurice Moscovich, Emma Dunn.
Aí vai ele por escrito:
I'm sorry, but I don't want to be an emperor. That's not my business. I don't want to rule or conquer anyone. I should like to help everyone, if possible, Jew, gentile, black man, white. We all want to help one another. Human beings are like that. We want to live by each other's happiness — not by each other's misery. We don't want to hate and despise one another.
In this world there is room for everyone. And the good earth is rich and can provide for everyone. The way of life can be free and beautiful, but we have lost the way. Greed has poisoned men's souls, has barricaded the world with hate, has goose-stepped us into misery and bloodshed. We have developed speed, but we have shut ourselves in. Machinery that gives abundance has left us in want. Our knowledge has made us cynical. Our cleverness, hard and unkind. We think too much and feel too little. More than machinery we need humanity. More than cleverness we need kindness and gentleness. Without these qualities, life will be violent and all will be lost.
The aeroplane and the radio have brought us closer together. The very nature of these inventions cries out for the goodness in men, cries out for universal brotherhood, for the unity of us all. Even now my voice is reaching millions throughout the world — millions of despairing men, women and little children — victims of a system that makes men torture and imprison innocent people. To those who can hear me, I say — do not despair. The misery that is now upon us is but the passing of greed — the bitterness of men who fear the way of human progress. The hate of men will pass, and dictators die, and the power they took from the people will return to the people and so long as men die, liberty will never perish.
Soldiers! Don't give yourselves to brutes — men who despise you — enslave you — who regiment your lives — tell you what to do — what to think or what to feel! Who drill you, diet you, treat you like cattle, use you as cannon fodder. Don't give yourselves to these unnatural men — machine men with machine minds and machine hearts! You are not machines! You are not cattle! You are men! You have the love of humanity in your hearts. You don't hate! Only the unloved hate — the unloved and the unnatural!
Soldiers! Don't fight for slavery! Fight for liberty! In the 17th Chapter of St. Luke it is written: "the Kingdom of God is within man" — not one man nor a group of men, but in all men! In you! You, the people have the power — the power to create machines. The power to create happiness! You, the people, have the power to make this life free and beautiful, to make this life a wonderful adventure.
Then, in the name of democracy, let us use that power! Let us all unite! Let us fight for a new world, a decent world that will give men a chance to work, that will give youth the future and old age a security. By the promise of these things, brutes have risen to power, but they lie! They do not fulfill their promise; they never will. Dictators free themselves, but they enslave the people! Now, let us fight to fulfill that promise! Let us fight to free the world, to do away with national barriers, to do away with greed, with hate and intolerance. Let us fight for a world of reason, a world where science and progress will lead to all men's happiness.
Soldiers! In the name of democracy, let us all unite!
sábado, 17 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Morreu Christopher Hitchens (1949-2011)
Controverso escritor e jornalista britânico Christopher Hitchens, morreu ontem em Houston, EUA, aos 62 anos, vítima de cancro.
Considerado um dos intelectuais mais polémicos e influentes dos últimos 30 anos, o autor de "Deus não é grande" que disse que aceitaria ser o porta-voz do Presidente Barack Obama, morreu ontem nos EUA, de cancro. A doença foi-lhe diagnosticada em junho de 2010, quando se preparava para lançar o seu livro de memórias "Hitch-22".
A morte de Christopher Hitchens - escritor, crítico literário e jornalista britânico - foi anunciada pela "Vanity Fair", publicação para a qual escrevia desde 1992. Segundo a revista, "nunca haverá ninguém como ele", um "crítico incomparável, sagaz, destemido e um bom vivant".
Destacou-se como correspondente de guerra, tendo estado na Polónia, Checoslováquia, Argentina e em Portugal, onde chegou em 1975 para fazer a cobertura da revolução. Trabalhava então para a revista de esquerda britânica "New Stateman".
Um dos quatro "Cavaleiros do Apocalipse"
Além de "Deus não existe", a sua antologia sobre o ateísmo, e "Deus não é grande", escreveu também "Cartas a um jovem dissidente", "A vitória de Orwell", "Amor, beleza e guerra" e "O julgamento de Henry Kissinger". Os seus alvos, afirma Peter Wilby que assina o seu obituário no jornal "The Guardian", eram os que abusavam do poder.
Apontado como um dos quatro "Cavaleiros do Apocalipse" - juntamente com os ateístas Richard Dawkins, Sam Harris e Daniel Dennett -, afirmava-se um crente nos valores filosóficos do iluminismo.
Hitchens radicou-se nos EUA em 1981 e colaborou com publicações dos dois lados do Atlântico, como a "Vanity Fair", "Slate", "The Nation", "The New York Times Review of Books", "The Times Literary" e "National Geographic", entre outras.
Nascido em 1949 em Portsmouth, no Reino Unido, morreu no hospital MD Anderson Cancer Center, de Houston, com a mesma doença que vitimou o seu pai.
Segundo o jornal "The Guardian", "ninguém escreveu com tanta confiança e paixão sobre aquilo que os americanos chamam "liberalismo" e Hitchens (achando o termo liberal muito invasivo) chamou "socialismo".
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
A vida como ela é...
Imagine a circle that contains all of human knowledge:
By the time you finish elementary school, you know a little:
By the time you finish high school, you know a bit more:
With a bachelor's degree, you gain a specialty:
A master's degree deepens that specialty:
Reading research papers takes you to the edge of human knowledge:
Once you're at the boundary, you focus:
You push at the boundary for a few years:
Until one day, the boundary gives way:
And, that dent you've made is called a Ph.D.:
Of course, the world looks different to you now:
So, don't forget the bigger picture:
Keep pushing.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Alguns dos elementos do Clube de Rádio Da Frei Heitor Pinto
Em cima, da esquerda para a direita: Ulisses, Vanessa, Luís G., Rui, Sérgio, Tiago, João e Luís S.
Em baixo: Simão e José
Coisas dos alunos
Ora aqui está um pequeno vídeo realizado pelo João Silva e pelo Paulo Vicente do 11º PHST
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Neurónio e Sinapses
Neurónio e sinapse
Podemos distinguir três tipos de neurónios, quanto às suas funções:
- Neurónios aferentes ou sensoriais – recolhem e conduzem as mensagens da periferia para os centros nervosos: espinal medula e encéfalo. São afectados pelas alterações ambientais e activados pelos vários estímulos com origem no interior ou exterior do organismo.
- Neurónios eferentes ou motores – transmitem as mensagens dos centros nervosos para os órgãos efectores, isto é, os órgãos responsáveis pelas respostas, que são os músculos e as glândulas.
- Neurónios de conexão ou interneurónios – interpretam as informações e elaboram respostas.
A função principal do neurónio é a transmissão de impulsos nervosos. Um impulso nervoso é uma modificação de energia de natureza eléctrica ou química. Designa-se por influxo nervoso os impulsos nervosos que circulam nos nervos.
Os neurónios são células especializadas na recepção e transmissão de sinais às células adjacentes. Cabe às dendrites captar o estímulo, gerar o impulso nervoso e conduzi-lo ao corpo celular do neurónio. O impulso é transmitido ao axónio e conduzido às ramificações terminais. Estas aproximam-se das dendrites do neurónio vizinho, não mantendo, contudo, entre si contacto físico. O ponto de contacto especializado através do qual o sinal é transmitido designa-se por sinapse. Na sinapse – ponto de comunicação entre neurónios – estão envolvidos os seguintes elementos: a terminação axónica do neurónio emissor (pré-sináptico) e uma dendrite do neurónio receptor (pós-sináptico), bem como um espaço cheio de líquido entre os neurónios - o espaço ou fissura sináptica. Quando o impulso atinge os terminais - axónios do neurónio pré-sináptico - induz a libertação de neurotransmissores que se difundem no espaço sináptico e são captados pelos receptores do neurónio pós-sináptico.
A sinapse tem por função a troca de informações entre dois neurónios. Na sinapse, estabelece-se uma comunicação entre um prolongamento do axónio do neurónio, que se designa por pré-sináptico ou neurónio emissor, com a membrana ou a denditre de outro neurónio, que se designa pós -sináptico ou neurónio receptor. As membranas dos dois neurónios não estão em contacto directo, estão separados por uma fenda, que se designa por fenda sináptica.
(Com base em http://www.notapositiva.com/pt/indexpt.htm)Fernando Pessoa (13-06-1888 a 30-11-1935)
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Cérebro
O cérebro constitui a unidade mais volumosa do Encéfalo (4/5 do encéfalo) e possui dois hemisférios (direito e esquerdo) unidos pelo corpo caloso. Esta ligação é feita por uma faixa de fibras que estabelece a comunicação dos hemisférios. A superfície dos hemisférios está coberta pelo córtex cerebral, composto por neurónios.
Cada hemisfério controla a metade oposta do corpo humano - assim a mão esquerda é controlada pelo hemisfério direito.
Por outro lado, algumas funções e capacidades intelectuais parecem estar localizadas em hemisférios específicos, o que levou ao estabelecimento a diversas tentativas de mapeamento do cérebro. Contudo, é pela interligação dos dois hemisférios que o funcionamento cerebral se estabelece de forma harmoniosa. A quebra da sua ligação leva a que os hemisférios operem independentemente, surgindo disfunções como a dislexia.
O córtex está dividido em quatro zonas - os lobos cerebrais (existindo um por cada hemisfério do cérebro):
• Frontal - área motora
• Temporal - área auditiva
• Parietal - área sensorial ou somatossensorial
• Occipital - área visual
A zona pré-frontal do córtex corresponde à área do pensamento e resolução de problemas.
Os lobos são semelhantes entre si, distinguindo-se em cada um deles dois tipos de áreas:
1.Primárias - áreas de projecção sensorial ou motoras. Actuam como centros de recepção de informação sensorial antes de serem organizadas ou como centros de transmissão de ordens motoras. Correspondem a 25% do córtex
2.Secundárias - áreas de associação que coordenam e integram a informação recebidas nas áreas primárias. Estão ligadas a processos mentais, abstractas como as áreas de Broca e Wernicke. Correspondem a 75% do córtex.
Funções da espinal medula
Ao Sistema Nervoso Central cabem as principais funções do comportamento humano e é constituído por duas estruturas:
• Encéfalo
• Espinal-medula
A espinal medula (ou medula espinal) é formada por um tubo cilíndrico (1 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento) sendo alojada ao longo da coluna onde se encontra protegida pelas vértebras. O seu interior tem cor cinzenta e o exterior é branco
Tem duas funções:
• Transmissão de sinais - é responsável pela condução de e para o encéfalo.
Recebe os sinais dos órgãos dos sentidos e dos músculos transmitindo-os ao cérebro. No sentido inverso, o cérebro envia para a medula, através dos axónios, ordens referentes à movimentação de músculos. Assim uma lesão na espinal medula pode causar a incapacidade de controlar o funcionamento das pernas, braços, os intestinos ou a bexiga.)
• Actividade reflexa - refere-se ao mecanismo que permite uma resposta motora (não consciente) a um estímulo. Tal acontece no caso de um estímulo que provoque a dor em que a resposta é anterior à chegada da informação ao cérebro e consequente tomada de consciência. A esta resposta dá-se o nome de reflexo e caracteriza-se por ser uma resposta rápida, instantânea e automática a um estímulo.
A espinal-medula é ligada ao Encéfalo pelo Bolbo Raquidiano, sendo as comunicações entre a medula, cérebro e cerebelo asseguradas pelo tronco cerebral que estabelece a transmissão de informações através dos pedúnculos (feixes de fibras nervosas). Estes elementos de ligação constituem o encéfalo posterior.
domingo, 27 de novembro de 2011
Mário Cesariny - 09/08/1923 - 26/11/2006
Mário Cesariny - Welcome to Elsinore (Entre nós e as palavras o nosso dever fala) dito pelo próprio
Mário Cesariny - Há uma hora
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
GREVE A 24 de NOVEMBRO
Dedicado a todos os "faço e aconteço" e "comigo ninguém brinca" de trazer por casa ou de uso exclusivo no café rodeado de amigos e depois de beber umas minis enquanto se vê o clube-do-coração-por-quem-tudo-faria, mas que GREVE agora não, "que não dá jeito", "que não adianta", "se fosse noutro dia", "se eu não estivesse já morto", "se (acrescentar qualquer outra desculpa esfarrapada)...
BOA SORTE PARA A OUTRA REENCARNAÇÃO.
BOA SORTE PARA A OUTRA REENCARNAÇÃO.
Luiz Pacheco - Biografia por João Pedro George
"Não costumo entrar nas biografias que escrevo. Como puderam ver, para o Luiz, abri uma excepção. Muito provavelmente, ele rir-se-ia da afirmação que vou fazer; quase posso ouvir as suas casquinadas asmáticas acolhendo esta afirmação, mas em todo o caso, faço-a – ter conhecido e privado com Luiz Pacheco foi um privilégio.
Naquela tarde do princípio de Janeiro de 2008, não devia ter ido, mas fui à Basílica da Estrela, vê-lo pela última vez. Não devia ter ido porque, tal como a maioria das pessoas não gosta de ser apanhada «descomposta», ao Pacheco não agradaria que os amigos o surpreendessem tão composto em «câmara ardente» na Basílica da Estrela, à espera da missa, rezada por iniciativa de uma das filhas, que antecedeu a cremação no cemitério do Alto de São João. Lá estava ele, comprido, bem vestido, penteadinho, hierático. Silencioso como só os mortos sabem ser e estar. Pela primeira vez, o achei sem ideias. Para rematar esta biografia, à falta de melhor, lembro-me da sua resposta quando, numa das entrevistas da fase jubilatória da sua vida, lhe pedem uma mensagem para as novas gerações:
«- Puta que os pariu!».
(daqui)
domingo, 20 de novembro de 2011
Livre-arbítrio e determinismo
AO FAZER UMA ESCOLHA FICAMOS PRESOS A ELA?
Os Agentes do Destino de George Nolfi (2011)
(The Adjustment Bureau)
SINOPSE
À beira de conquistar um lugar no Senado, o ambicioso político David Norris conhece a bela bailarina contemporânea Elise Sellas, uma mulher como ele nunca conheceu. Mas assim que se começam a apaixonar, misteriosos homens conspiram para mantê-los afastados. David percebe que está a lutar contra os próprios Agentes do Destino, que farão tudo ao seu alcance para evitar que David e Elise fiquem juntos. Perante tão estranhos acontecimentos, ele tem de deixá-la ir e aceitar o caminho que lhe foi destinado… ou arriscar tudo e desafiar o Destino. (cinema.sapo.pt)
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
MÁRIO VIEGAS (10/11/1948 - 01/04/1996)
Voz de Mário Viegas num poema de Bertolt Brecht... Ora digam lá se não se aplica hoje...
domingo, 6 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Um pequeno texto meu no JF
QUANDO NADA MAIS HOUVER PARA COMER,
OS POBRES COMERÃO OS RICOS
Pedro disse que o sacrifício é inevitável e que todos devem contribuir. Pedro faz hoje o que prometera há quatro meses não fazer. Pedro não se lembra do que disse há quatro meses. Pedro já não é Pedro. Manuel é despedido e regressa ao olhar triste dos pais, tem 46 anos e ajuda a cuidar dos animais. Isabel tem dois empregos para pagar a renda de casa, ainda não conseguiu ajudar o filho nos trabalhos da escola. Rogério despede o motorista e a empregada já só vai três dias a casa. Paulo despede 125 trabalhadores, um a um, cara a cara, porque merecem. Tomás chega a casa e pega no dinheiro que juntou durante dois anos para comprar a playstation ao filho de 7. Lucas vê as lágrimas que o pai esconde quando pega no mealheiro cor de laranja, diz-lhe que está tudo bem, que não importa. Luís despede 40 por telemóvel. É a secretária, Ester, que envia o sms, “puta que o pariu”, pensa enquanto o faz. Rosa emigra para a Suíça, não lhe ensinaram a fazer limpezas no curso de Direito. Margarida diz que o importante é haver saúde. Nunca deixa de rir, só lhe dá para rir. O tempo voltou atrás. Afonso diz que um dia perde a cabeça e parte tudo, diz no café, no trabalho e para quem o quer ouvir. Mas não parte nada, pelo menos agora, com um filho pequeno. Diana veste a roupa que as mães das amigas lhe deram. Sente vergonha ao entrar na escola “melhor do que sentir frio”, diz-lhe a mãe. Depois de deitar o filho, Sofia senta-se na cozinha e chora sozinha, como todos os dias, baixinho. A escola do Sérgio abre ao fim-de-semana para uma refeição decente. José finge que estuda Filosofia em Paris de olhos postos num qualquer conselho de administração. Dora abandona o ballet e os seus 5 anos não dão para compreender isso do dinheiro não chegar, todas as princesas têm de saber dançar. Joaquim perde dinheiro todos os dias porque não consegue despedir os dois funcionários do restaurante, “são como filhos e têm garotos pequenos”, diz para a mulher, “cá nos havemos de arranjar”. Jaime continua a pertencer ao conselho de administração de seis empresas. Marta, sua mulher, pensou uma vez na quantidade de trabalho que ele teria, a empregada do spa, Isabel, há 12 horas em pé, entrou e ela esqueceu-se. Joana foi apanhada no hiper a roubar Cerelac para o filho de 2 anos. Sousa diz em directo à hora do jantar que compreende a angústia da classe média, mas que não há alternativa e, sem pausas, passa para os livros que lhe ofereceram. Entre dentes, Jerónimo diz ao balcão da tasca de sempre, “sabes lá tu o que é a vida”. Adelino faz o último ano à frente da intersindical, tempo para mais uma manifestação, hoje como há 20 anos. Rafael, 17 acabados de fazer, vai à primeira com os amigos, “não vás”, diz a mãe, “que o teu pai é porteiro no ministério e se alguém sabe dás-lhe cabo da vida”. Jaime chega a casa e encontra Marta sentada no sofá entre Fernando e Dina, a cara dela não lhe é estranha. Desajeitado, Fernando segura uma faca junto ao pescoço de Marta. Dina é dona do salão de cabeleireira duas ruas abaixo, aquele sempre vazio, “antes pedir que roubar”, pensou quando, encolhida de vergonha, arrastou Fernando, companheiro de uma vida, desempregado há tempo demais, está velho, dizem, que não, diz ele, só tem 52, veio pedir ajuda para comer. Não foi a recusa, foi o olhar, de repulsa, não foi a recusa, foi o que disse, “se não tinha condições não devia ter tido filhos”. Fernando e Dina são os novos donos do frigorífico, vão ficar dois ou três dias, ver o que podem levar e partem para junto de Rosa, na Suíça, para nunca mais. Todos têm de fazer sacrifícios. A Jaime e Marta tocou-lhes a vida. Henrique fez 50 anos na semana passada e não tem nada, valiam-lhe os filhos levados pela assistência social, estão melhor. Quando deu por si estava rodeado de gente, Pedro apertava-lhe a mão e sorria para a TV, que sim, que já via uma luz ao fundo do túnel, que o esforço colossal iria valer a pena. Se ao menos Henrique não tivesse na mão o saco de plástico com as ferramentas da oficina em que já não trabalha… Não pensou. Fez. Mas se tivesse pensado o resultado seria o mesmo. A multidão calou-se ou é ele que não a ouve. Pedro já não é Pedro. Em Paris, José sente um arrepio. Teófilo, que perdeu a conta ao dinheiro que tem, telefona a Francisco, opositor de Pedro, “o meu apoio, uma oferta que não pode recusar”. O mundo gira, como ontem… E, no entanto, há algo que cresce…
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Carlos Drummond de Andrade
Se fosse vivo, o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade completaria, no dia 31 de Outubro, 109 anos de idade.
"No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"
in "Uma Pedra no Meio do Caminho", 1967.
(AQUI na voz do autor)
(Ou AQUI, numa montagem interessante da TSF)
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"
in "Uma Pedra no Meio do Caminho", 1967.
(AQUI na voz do autor)
(Ou AQUI, numa montagem interessante da TSF)
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
VIDA, VIDA! - Arseni Tarkovski
VIDA, VIDA!
Arseni Tarkovski (1907-1989)
Não acredito em premonições, não temo superstições,
veneno e calúnia não vigoram sobre mim.
Não existe morte, senão plenitude no mundo.
Somos todos imortais; tudo é imortal.
Não é preciso temer a morte,
Seja aos dezessete ou aos setenta.
Nada há além de presente e de luz;
escuridão e morte não existem neste mundo.
Chegados que somos todos à margem, sou um dos escolhidos
para puxar as redes quando o cardume da imortalidade as cumular.
Habitai a casa, e a casa se sustentará.
Invocarei um dos séculos ao acaso: eu o adentrarei
e nele construirei minha morada.
Sento-me portanto à mesma mesa
que vossos filhos, mães e esposas.
Uma só mesa para servir bisavô e neto:
o futuro se consuma aqui agora,
e quando eu erguer a minha mão,
os cinco raios de luz convosco ficarão.
Omoplatas minhas como vigas mestras,
sustentaram por minha vontade a revolução dos dias.
Medi o tempo com vara de agrimensor:
eu o venci como se voasse sobre os Urais.
Talhei as idades à minha medida.
Rumamos para o sul, um rastro de poeira pela estepe.
As altas ervas agitavam-se entre vapores
e o grilo dançarino,
ao perceber com suas antenas as ferraduras faiscantes,
profetizou-me, como monge possuído, a aniquilação.
Atei então, rápido, meu destino à sela,
ergui-me sobre os estribos como um menino
e agora cavalgo os tempos vindouros a meu ritmo.
Basta-me minha imortalidade,
o fluir de meu sangue de uma para outra era,
mas em troca de um canto quente e seguro
daria de bom grado minha vida,
conquanto sua agulha voadora
não me arrastasse, feito linha, mundo afora.
(Poema de 1950, lido pelo autor no filme O Espelho (1974), dirigido por seu filho, Andrei Tarkovski)
Arseni Tarkovski (1907-1989)
Não acredito em premonições, não temo superstições,
veneno e calúnia não vigoram sobre mim.
Não existe morte, senão plenitude no mundo.
Somos todos imortais; tudo é imortal.
Não é preciso temer a morte,
Seja aos dezessete ou aos setenta.
Nada há além de presente e de luz;
escuridão e morte não existem neste mundo.
Chegados que somos todos à margem, sou um dos escolhidos
para puxar as redes quando o cardume da imortalidade as cumular.
Habitai a casa, e a casa se sustentará.
Invocarei um dos séculos ao acaso: eu o adentrarei
e nele construirei minha morada.
Sento-me portanto à mesma mesa
que vossos filhos, mães e esposas.
Uma só mesa para servir bisavô e neto:
o futuro se consuma aqui agora,
e quando eu erguer a minha mão,
os cinco raios de luz convosco ficarão.
Omoplatas minhas como vigas mestras,
sustentaram por minha vontade a revolução dos dias.
Medi o tempo com vara de agrimensor:
eu o venci como se voasse sobre os Urais.
Talhei as idades à minha medida.
Rumamos para o sul, um rastro de poeira pela estepe.
As altas ervas agitavam-se entre vapores
e o grilo dançarino,
ao perceber com suas antenas as ferraduras faiscantes,
profetizou-me, como monge possuído, a aniquilação.
Atei então, rápido, meu destino à sela,
ergui-me sobre os estribos como um menino
e agora cavalgo os tempos vindouros a meu ritmo.
Basta-me minha imortalidade,
o fluir de meu sangue de uma para outra era,
mas em troca de um canto quente e seguro
daria de bom grado minha vida,
conquanto sua agulha voadora
não me arrastasse, feito linha, mundo afora.
(Poema de 1950, lido pelo autor no filme O Espelho (1974), dirigido por seu filho, Andrei Tarkovski)
sábado, 29 de outubro de 2011
terça-feira, 25 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Arruada da Indignação Covilhã
Arruada da Indignação
22 de Outubro - Covilhã - 16h00
Concentração no Campo das Festas da Covilhã.
Esta é ao sábado e aqui no distrito, não exige grandes deslocações...
e até podes levar a família...
Ousa pensar por ti, luta pelos teus direitos, deixa de ser conformista.
Não faltes! Não finjas que não é contigo. Não penses que não te vai tocar a ti.
AGE.
22 de Outubro - Covilhã - 16h00
Concentração no Campo das Festas da Covilhã.
Esta é ao sábado e aqui no distrito, não exige grandes deslocações...
e até podes levar a família...
Ousa pensar por ti, luta pelos teus direitos, deixa de ser conformista.
Não faltes! Não finjas que não é contigo. Não penses que não te vai tocar a ti.
AGE.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
terça-feira, 11 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Comprimido azul ou comprimido vermelho?
The Matrix
de Andy Wachowski & Larry WachowskiMorpheus: I imagine that right now you're feeling a bit like Alice. Tumbling down the rabbit hole?
Neo: You could say that.Morpheus: I can see it in your eyes. You have the look of a man who accepts what he sees because he's expecting to wake up. Ironically, this is not far from the truth. Do you believe in fate, Neo?
Neo: No.Morpheus: Why not?
Neo: 'Cause I don't like the idea that I'm not in control of my life.
Morpheus: I know exactly what you mean. Let me tell you why you're here. You're here because you know something. What you know, you can't explain. But you feel it. You felt it your entire life. That there's something wrong with the world. You don't know what it is, but it's there. Like a splinter in your mind -- driving you mad. It is this feeling that has brought you to me. Do you know what I'm talking about?
Neo: The Matrix?
Morpheus: Do you want to know what it is?(Neo nods his head.)
Morpheus: The Matrix is everywhere, it is all around us. Even now, in this very room. You can see it when you look out your window, or when you turn on your television. You can feel it when you go to work, or when go to church or when you pay your taxes. It is the world that has been pulled over your eyes to blind you from the truth.
Neo: What truth?
Morpheus: That you are a slave, Neo. Like everyone else, you were born into bondage, born inside a prison that you cannot smell, taste, or touch. A prison for your mind. (long pause, sighs)Unfortunately, no one can be told what the Matrix is. You have to see it for yourself. This is your last chance. After this, there is no turning back.(In his left hand, Morpheus shows a blue pill.)
Morpheus: You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. (a red pill is shown in his other hand) You take the red pill and you stay in Wonderland and I show you how deep the rabbit-hole goes. (Long pause; Neo begins to reach for the red pill) Remember -- all I am offering is the truth, nothing more.(Neo takes the red pill and swallows it with a glass of water)
QUE COMPRIMIDO ESCOLHES?
O AZUL OU O VERMELHO?
AZUL
- Escolhemos viver na ignorância.
- Ignoramos o que se passa e ficamos satisfeitos com aquilo que vemos/temos/sabemos.
- Seguimos aquilo que nos é ditado, aceitamos o que nos é dito, não temos opinião própria.
- Assumimos que está tudo determinado e que não temos escolha.
- Estamos confortáveis com aquilo que assumimos ser a realidade.
- Estamos contentes com aquilo que somos e que sabemos.
- Estamos felizes com a nossa vida de todos os dias, com o previsível.
- Basicamente, aceitamos o hábito, preferimos a rotina, viver sempre da mesma forma, ficar sempre no mesmo sítio, saber sempre as mesmas coisas, falar sempre com as mesmas pessoas, seguir sempre as mesmas políticas, seguir sempre aquilo que já sabemos, etc.
- Deixamo-nos levar pela pressão social, quer na forma como devemos viver a vida, quer na forma de pensar.
- Deixamos que a sociedade nos imponha o que pensar e como viver.
- Sucumbimos à socialização (feita pela sociedade à nossa volta) e à educação formal nas escolas que castram a muita da nossa criatividade e individualidade.
- Vivemos uma possível ilusão.
- Escolhemos viver na ignorância.
- Ignoramos o que se passa e ficamos satisfeitos com aquilo que vemos/temos/sabemos.
- Seguimos aquilo que nos é ditado, aceitamos o que nos é dito, não temos opinião própria.
- Assumimos que está tudo determinado e que não temos escolha.
- Estamos confortáveis com aquilo que assumimos ser a realidade.
- Estamos contentes com aquilo que somos e que sabemos.
- Estamos felizes com a nossa vida de todos os dias, com o previsível.
- Basicamente, aceitamos o hábito, preferimos a rotina, viver sempre da mesma forma, ficar sempre no mesmo sítio, saber sempre as mesmas coisas, falar sempre com as mesmas pessoas, seguir sempre as mesmas políticas, seguir sempre aquilo que já sabemos, etc.
- Deixamo-nos levar pela pressão social, quer na forma como devemos viver a vida, quer na forma de pensar.
- Deixamos que a sociedade nos imponha o que pensar e como viver.
- Sucumbimos à socialização (feita pela sociedade à nossa volta) e à educação formal nas escolas que castram a muita da nossa criatividade e individualidade.
- Vivemos uma possível ilusão.
Viver assim é bem mais fácil e confortável, deixamos de ser responsáveis pelo nosso destino.
Somos felizes, afinal, a ignorância é uma benção...
Somos felizes, afinal, a ignorância é uma benção...
VERMELHO
- É o comprimido do conhecimento.
- Queremos saber sempre mais, queremos aprender, queremos melhorar.
- Examinamos a vida e a realidade.
- Teremos uma maior pressão social para seguirmos a vida e a forma de pensar que nos impõem (para seguir o rebanho).
- Questionamos o que nos dizem, questionamos o status quo, não estamos satisfeitos com aquilo que nos é apresentado, procuramos a verdade, tentamos ver mais longe.
- Duvidamos, arriscamos, questionamos e procuramos as respostas.
- Temos uma mente inquisitória, continuamos a colocar questões que parecem simples.
- Temos uma mente aberta para experimentar coisas novas – “thinking outside the box”.
- Saímos fora da nossa zona de conforto, de modo a termos outras experiências.
- Utilizamos o pensamento crítico, o “critical thinking”.
- Pensamos por nós próprios.
- Fazemos as nossas próprias escolhas, as nossas opções.
- Damos um sentido à existência, em vez de nos limitarmos a sobreviver.
- Procuramos e tentamos entender o sentido da vida.
- Damos enorme valor à consciência, à forma como vemos o mundo à nossa volta.
- Não nos limitamos a observar, mas pensamos, reflectimos, questionamos.
- Responsabilizamo-nos pela nossa vida.
- Queremos saber sempre mais, queremos aprender, queremos melhorar.
- Examinamos a vida e a realidade.
- Teremos uma maior pressão social para seguirmos a vida e a forma de pensar que nos impõem (para seguir o rebanho).
- Questionamos o que nos dizem, questionamos o status quo, não estamos satisfeitos com aquilo que nos é apresentado, procuramos a verdade, tentamos ver mais longe.
- Duvidamos, arriscamos, questionamos e procuramos as respostas.
- Temos uma mente inquisitória, continuamos a colocar questões que parecem simples.
- Temos uma mente aberta para experimentar coisas novas – “thinking outside the box”.
- Saímos fora da nossa zona de conforto, de modo a termos outras experiências.
- Utilizamos o pensamento crítico, o “critical thinking”.
- Pensamos por nós próprios.
- Fazemos as nossas próprias escolhas, as nossas opções.
- Damos um sentido à existência, em vez de nos limitarmos a sobreviver.
- Procuramos e tentamos entender o sentido da vida.
- Damos enorme valor à consciência, à forma como vemos o mundo à nossa volta.
- Não nos limitamos a observar, mas pensamos, reflectimos, questionamos.
- Responsabilizamo-nos pela nossa vida.
O comprimido azul é a escolha mais fácil, para a pessoa que está satisfeita com aquilo que tem, que se limita a absorver o que lhe dizem, e que levará a uma vida de felicidade… mas ilusória.
O comprimido vermelho é a escolha mais difícil, porque implica lutar contra o “status quo”, contra o conformismo, e partir na procura de respostas. Nem todos são capazes de tentar algo assim, apenas os audazes de espírito, os que ousam...
O comprimido vermelho é a escolha mais difícil, porque implica lutar contra o “status quo”, contra o conformismo, e partir na procura de respostas. Nem todos são capazes de tentar algo assim, apenas os audazes de espírito, os que ousam...
AGORA A BOLA ESTÁ DO TEU LADO, OU MELHOR, O COMPRIMIDO... O QUE VAI SER?
Mais de Matrix aqui.
domingo, 9 de outubro de 2011
sábado, 8 de outubro de 2011
Nobel da Paz 2011
O Prémio Nobel da Paz 2011 foi atribuído a três mulheres: a presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf, a activista também liberiana Leymah Gbowee e a iemenita Tawakul Karman.
O Comité Nobel Norueguês distinguiu as três mulheres «pela luta pacífica em defesa da segurança das mulheres e dos direitos das mulheres na participação total no trabalho de construção da paz».
Lisboa - Tomas Tranströmer
«No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.
“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.
Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?”»
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.
“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.
Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?”»
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Nobel literatura 2011
O sueco Tomas Tranströmer, 80 anos, autor de "Den stora gatan" (O Grande Enigma, 2004) foi distinguido hoje com o prémio Nobel da Literatura. O galardão foi anunciado hoje em Estocolmo às 12h (horário de Lisboa). O prémio tem o valor monetário de dez milhões de coroas suecas, cerca de 1,1 milhões de euros.
O prémio Nobel da Literatura 2011 é representante da poesia lírica, que não era premiada pela academia sueca desde 1996, ano em que foi eleita a poetisa polaca Wislawa Szymborska. A Academia sueca anunciou que Tranströmer merceu o galardão "porque, através das suas imagens condensadas e translúcidas, dá-nos um acesso fresco à realidade". Além da sua obra poética, tem-se destacado como tradutor.
A cerimónia de entrega dos Prémios Nobel 2011 realiza-se no próximo dia 10 de dezembro, na capital sueca. Tomas Tranströmer, no entanto, não vai poder falar para agradecer. O poeta sofreu em 1990 um acidente vascular cerebral que o deixou em parte afásico e hemiplégico. Apesar disso, continuou a escrever. Desde então, publicou mais três obras, entre as quais "O Grande Enigma: 45 Haikus".
Poeta sueco mais traduzido no mundo
Nascido em Estocolmo a 15 de abril de 1931, foi psicólogo de profissão até 1990. Autor de cerca de 20 livros, lançou recentemente uma nova antologia. Em 1988, foi distinguido com o prémio Pilot , destinado a escritores "com obra literária notável na lingua sueca".
O poeta sueco mais traduzido em todo o mundo (em 30 línguas), Tranströmer começou a publicar poesia aos 23 anos e o seu primeiro livro intitulava-se "17 dikter" ("17 Poemas"). Em Portugal, Tomas Tranströmer está representado na coletânea "21 poetas suecos", editada pela Vega, em 1981.
Publicou cerca de 15 obras numa longa carreira dedicada à escrita e venceu numerosos prémios literários, como o Prémio Literário do Conselho Nórdico, em 1990.A maior parte da sua obra está escrita em verso livre, apesar de ter feito também experiências com linguagem métrica.
Tranströmer vive atualmente numa ilha, longe dos olhares do mundo.
Poeta cantou Lisboa
No livro "21 poetas suecos", publicado em 1981 pela editora Vega, uma obra organizada por Vasco Graça Moura e Ana Hatherly, surge o poema "Lisboa", onde o poeta sueco destaca elementos típicos das zonas históricas da capital portuguesa.
"No bairro de Alfama os elétricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes/Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões/Acenavam através das grades/Gritavam que lhes tirassem o retrato", escreveu Tomas Tranströmer.
"Mas aqui´, disse o condutor e riu à socapa como se cortado ao meio/´aqui estão políticos'. Vi a fachada, a fachada, a fachada e lá no cimo um homem à janela/tinha um óculo e olhava para o mar", relata o laureado com o Nobel da Literatura 2011.
"Roupa branca no azul. Os muros quentes/As moscas liam cartas microscópicas/Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa/´será verdade ou só um sonho meu?´", finaliza o poeta sobre a cidade junto ao Tejo.
Uma passagem pelo Funchal também inspirou Tomas Transtroemer, dedicando-lhe um verso onde destaca o mar, a receita atlântica do peixe com tomate e a "língua estranha".
Em 2010, a Academia sueca distinguiu o escritor de origem peruana Mário Vargas Llosa, autor de "Conversa n'A Catedral" e de "Guerra do Fim do Mundo". Os últimos galardoados, anteriores a Llosa, foram Herta Müller (2009), Jean-Marie Gustave Le Clézio (2008), Doris Lessing (2007), Orhan Pamuk (2006), Harold Pinter (2005), Elfriede Jelinek (2004) e John M. Coetze (2003).
O prémio Nobel da Literatura foi atribuído em 1998 a José Saramago.
(Expresso)
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Lógica para os antigos inquilinos
(Blog de Luís Rodrigues, autor do manual de Filosofia do 11º da Plátano, sítio onde poderão encontrar materiais com alguma utilidade)
domingo, 2 de outubro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Mão Morta em Castelo Branco
Acham que já viram tudo em 27 anos de carreira dos Mão Morta?
Ano e meio após a edição de «Pesadelo em Peluche», período durante o qual os Mão Morta passaram pelo Coliseu dos Recreios e pelos principais festivais de Verão, o grupo de Adolfo Luxúria Canibal, Miguel Pedro, António Rafael, Sapo, Vasco Vaz e Joana Longobardi volta a ser notícia com a tour «Pelux in Motion». De 1 de Outubro a 4 de Novembro, os Mão Morta vão percorrer o país com um espectáculo novo e cru, desprovido de efeitos, e com um alinhamento que vai recuperar temas já guardados para os cruzar com outros mais recentes.
Com a sugestiva designação de «Pelux in Motion», esta digressão de oito datas tem como objectivo colocar os peluches fofinhos e sedentos de acção redentora em movimento num cenário de horror.
Lisboa, Coimbra, Castelo Branco, Faro, Portalegre, Famalicão, Viana do Castelo e Ílhavo foram as cidades escolhidas para receber esta encenação dos improváveis pesadelos protagonizados pelos melhores amigos das crianças. Em alguns casos é o regresso do grupo àqueles palcos, mas em outros, como Castelo Branco, Famalicão e Ílhavo trata-se apenas da segunda vez que, em 27 anos de carreira, os Mão Morta lá vão tocar.
O tema «Teoria da Conspiração», do último «Pesadelo em Peluche», serve de banda sonora a esta digressão que, findas as datas, não passará de uma boa recordação para todos os que, em palco ou na plateia, a presenciaram. Não restará nada para contar como foi...
Os bilhetes para os concertos serão vendidos nas bilheteiras das próprias salas, com excepção da data de Lisboa, a 1 de Outubro, cujos ingressos já estão à venda na Ticketline (www.ticketline.pt) por 15€ (venda antecipada) e 17€ (no próprio dia). Os preços das restantes salas variam entre os 10€ e os 12€. (daqui)
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