Um outro olhar sobre o mundo

Um outro olhar sobre o mundo

sábado, 24 de setembro de 2011

Filogénese - Ontogénese - Inacabamento


Ontogénese e de filogénese.
Enquanto a filogénese se refere ao desenvolvimento da espécie como unidade básica, a ontogénese refere-se ao desenvolvimento individual do ser. A filogénese engloba todos os fenómenos de evolução dos seres vivos, caracterizando-se como o conjunto dos processos biológicos de transformação que explicam o aparecimento das espécies e a sua diferenciação. Relaciona-se com a história evolutiva de uma espécie. A ontogénese especifica o desenvolvimento do indivíduo desde que é formado o ovo até que se torna adulto. Alguns autores defendem que a ontogenia continua mesmo até à morte, englobando todos os processos de modificação ao longo da vida.
Etimologia:
Filogénese (do grego Phylo - raça, espécie - e genetikos -  génese, criação )
Ontogénese (do grego ontos – ser e , genetikos -  génese, criação) i

O papel da ontogénese no desenvolvimento.
         Uma vez que o indivíduo é resultado da interacção de factores biológicos e ambientais, a filogénese não pode determinar a ontogénese, mas antes o contrário. Assim, a ontogénese é a causa da filogénese porque são as tranformações ontogenéticas (do indivíduo) que ocorrem no processo evolutivo que permitem a adaptação ao meio ambiente. Para que uma espécie se consiga adaptar às variações do meio, é necessário que haja indivíduos que se modifiquem no sentido de acompanhar essas alterações. Assim, é preciso que haja ontogénese para que possa existir filogénese. Podemos afirmar que a filogénese resulta de várias ontogéneses por mutações e selecção natural.

Programas genéticos aberto e fechado.
Há um programa de desenvolvimento correspondente a cada espécie e, por conseguinte, a cada indivíduo. Em determinadas condições externas, sabemos que, 9 meses depois de uma mulher engravidar, nasce um bebé. No entanto, os seres vivos, melhor dizendo, as espécies, podem ter programas genéticos abertos ou fechados. Nos animais e nas plantas, o mais comum são os programas genéticos fechados: os seres atingem um estádio de desenvolvimento em que estagnam e não têm capacidade de se adaptarem ou modificarem o seu comportamento. Estão codificados para reagir de uma determinada forma a um determinado estímulo, a escolher um habitat específico, a terem aqueles rituais de acasalamento e assim sucessivamente. O programa genético é fixo e previsível.
Já um programa genético aberto implica apenas uma programação parcial, dando liberdade para o ser evoluir de forma distinta, ter comportamentos imprevisíveis e adaptar-se às alterações ambientais. O Homem tem um programa genético aberto. Por isso, não reage segundo um conjunto de instintos, não tem um comportamento e desenvolvimento pré determinados. A abertura do programa genético implica também uma menor especialização do ser.
 Prematuridade e neotenia
         O ser humano é um ser prematuro na medida em que, quando nasce, ainda não apresenta as suas capacidades bem desenvolvidas. Um bebé é um ser inacabado e, por isso, a infância humana é tão extensa. No entanto, é precisamente esta imaturidade ou prematuridade que vai permitir ao Homem adaptar-se ao meio, uma vez que ele se vai moldando ao longo da infância. Este inacabamento biológico tem o nome de neotenia. O atraso no desenvolvimento implica que o ser se desenvolva mais devagar, alargando a infância e a dependência dos progenitores. Os genes de desenvolvimento são os principais responsáveis pelo retardamento ontogenético, fazendo do homem um ser neoténico – com um prolongamento da morfologia juvenil até à idade adulta. Ao contrário da maioria das outras espécies, o ser humano nasce frágil, prematuro e sem preparação para enfrentar o meio. Esta desvantagem torna-se, porém, uma enorme vantagem no desenvolvimento humano porque é este inacabamento biológico que permite a adaptação ao meio, a aprendizagem contínua e a relação interpessoal. Um programa genético aberto faz do Homem um animal mais flexível. Em vez de ser uma espécie fechada, hiperespecializada e auto-suficiente, o Homem possui uma versatilidade e plasticidade biológica que lhe possibilita aprender e interagir. Mesmo na idade adulta, o Homem nunca ultrapassa o ser carácter neoténico, continuando inacabado, imperfeito, em constante aprendizagem. Temos uma variedade enorme de comportamentos complexos, maioritariamente imprevisíveis, porque dependem de um processo individual de adaptação ao meio.

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